Movimento “Faxina no Velho Chico” reuniu estudantes e colaboradores em Juazeiro

O mutirão também contou com o repente do poeta Valdir Lemos que homenageou a iniciativa das estudantes. 

O movimento em defesa das margens do Rio São Francisco, “Faxina no Velho Chico”, realizado neste fim de semana em Juazeiro, mobilizou estudantes na faixa de seus 14 a 17 anos, amigos e colaboradores, sensíveis à causa ambiental, deflagrada por 5 colegas de escola, que resolveram partir para uma tarefa cidadã, oferecendo à cidade e ao seu maior patrimônio, o seus serviços e tempo.

Gabriella Amaral, Maria Helena Aranha, Melâne Pereira, e as irmãs Daise e Débora Souza, se juntaram às amigas, amigos, artistas e colaboradores e puseram “a mão na massa”, sem nenhuma vergonha, sem medo de exposição, e principalmente denunciando o vandalismo, o descaso, e o abandono de alguns pontos turísticos da cidade, assim como o próprio Rio São Francisco.

De acordo com a organização do movimento, foram mais de 20 sacolas de lixo recolhido às margens do rio, sendo que a orientação era separar todo o material reciclável. Para isso, o movimento das estudantes contou também com a parceria da Cooperativa de Catadores de Material Reciclável de Juazeiro.

Para Raimundo Francisco da Silva, da Representação do Movimento Nacional dos Catadores, e membro da Cooperativa de Catadores de Material Reciclável, a iniciativa das estudantes é bastante louvável, e que deveria servir de exemplo para toda a cidade. “Nós recebemos o convite para está apoiando este projeto da limpeza às margens do Velho Chico, e viemos dar a nossa contribuição”, disse, parabenizando a equipe organizadora do movimento. “É preciso dar continuidade”.  

O aposentado José Alves dos Santos, 67 anos, da Ilha de Nossa Senhora, também parabenizou o trabalho das meninas, destacando a importância daquele ato em defesa do rio. “A ação é muito boa, acho que o pessoal aqui do Angarí devia também fazer isso, porque uns fazem e outros não, não é todos os pescadores que fazem isso”, observou.

A estudante Fernanda Victória Lima, 17 anos, que se integrou à turma de colegas de escola para participar do trabalho coletivo, disse da importância que é ajudar um projeto como este. “As pessoas não se importam, vem aqui e sujam, fazem o que querem, não podem nem culpar a prefeitura, porque pessoas assim não respeitam a cidade, não limpam nem o seu próprio lixo”, desabafou.

Adriano Amorim, 29 anos, morador de Petrolina, também falou sobre a iniciativa das estudantes, e disse que em outra oportunidade participaria. “Uma coisa bonita que estão fazendo, muitos frequentadores que a gente ver tomam banho aqui e jogam garrafas no rio, até os que ganham o pão, como os pescadores, fazem a mesma coisa”, lamentou. “Vou participar quando tiver outro, principalmente quando vier pras margens do rio do lado de Petrolina”.

Apelo 

Fazendo uma avaliação da ação de limpeza às margens do Rio São Francisco, uma das organizadoras, a estudante Gabriella Amaral, disse satisfeita que o projeto atingiu o seu objetivo. “A faxina foi muito importante para o Rio São Francisco, porque estava um descaso, a sujeira tomando conta, a gente nem pôde limpar mais devido a tanto lixo que tinha, lixos minúsculos”, avaliou a estudante, que aproveitou para fazer um apelo ao poder público e a Vigilância Sanitária do município, sobre o estado em que se encontra o local embaixo do “M”, na Orla I.

“Queremos fazer um apelo a Vigilância Sanitária, ou ao órgão competente do governo, para que venha olhar a situação deste local, o quanto de sujeira, fezes, água parada, isso com certeza é foco de muitas doenças”, alertou. Ainda segundo Gabriella, os vândalos que fazem uso daquele local abriram a parede onde no passado começaram uma obra que nunca foi concluída, acumulando todo tipo de lixo, dejetos e esgoto oriundo dos bares da Orla.

“Nós sabemos que a culpa não é da prefeitura, existe muito vandalismo na cidade, por isso que este local está assim. O que estamos solicitando é em benefício de todos. Nós nem podemos mexer neste local, porque é perigoso, podemos nos contaminar, então o que a gente pede é que a equipe da Vigilância Sanitária ou o órgão competente venha a este local fazer uma intervenção”, concluiu.

A “Faxina no Velho Chico” também contou com o apoio da Prefeitura de Juazeiro, através das secretarias de Governo; Desenvolvimento e Igualdade Social, e da secretaria de Cultura e Juventude, além do apoio de artistas locais, como o poeta repentista Valdir Lemos de Freitas, a quem a organização agradece. 

Por Paulo Carvalho