ARTIGO 250 – TREMORES E TEMPESTADES VINDOS DO SUL!

A situação do clima no Brasil nos últimos tempos, e neste ano em particular, tem surpreendido bastante pelas grandes variações na temperatura, com elevações e quedas abruptas que fogem à normalidade, em momentos e locais às vezes não tão tradicionais, requerendo cuidados especiais para a superação. Igualmente no campo político nacional a temperatura sofreu alterações de tamanha intensidade, que o superaquecimento provocou tempestades e tremores que nem a escala Richter consegue medir.

Sempre que a terra treme nas bandas de Curitiba, resultante de uma operação que busca nas profundezas a origem oculta de tantos crimes praticados, soa um potente alarme avisando ao restante do país de que um tsunami de grandes proporções vem varrendo o território nacional em todas as direções. Daí, a correria para destruir ou ocultar provas ganha uma dimensão nunca vista. E o que mais se ouve são frases explicativas de que “não vi nada”, “não sei de nada”, “o dinheiro gasto na minha campanha foi de origem legal”, “a minha prestação de contas foi aprovada pelo Tribunal”, “as declarações dos delatores são mentirosas”, “o dinheiro da mala não me pertence”, “não tenho conta no exterior” e, quando descoberta a verdade, “não sei quem depositou esses milhões de dólares em minha conta”... e por aí vai um mundo de argumentos insanos tentando resistir à catilinária avassaladora que vem do Sul! Pura cara de pau e sem nenhuma vergonha, isso sim!

À medida que a tormenta causada pelas investigações e processos preocupa os homens do poder, eles atormentam a população com medidas inquietantes como o aumento de impostos e a absurda elevação no preço dos combustíveis, os quais provocam impacto direto no custo de vida e gradativo retorno da inflação, com graves reflexos negativos para toda a sociedade. Interessante é que a justificativa básica para essas medidas se ampara no fato de que existe um rombo nas reservas orçamentárias, ampliado no “Balcão de Negócios”, visando atrair os votos de apoio dos Deputados para a defesa do Governo, donde, de repente, um milagre acontece e milhões de reais surgem do nada para atender Emendas Parlamentares de projetos nas suas bases eleitorais, cuja honestidade e lisura na aplicação nem sempre são comprovadas!

O grande impasse ora estabelecido no país, é que não se visualiza uma alternativa para enfrentar essa realidade. Se temos um governo incompetente, inseguro e instável, prestes a cair, do outro lado há um bando de insaciáveis por chegar ao poder, não para resolver a crise moral e administrativa instalada, mas para abraçar com ansiedade um “Foro Privilegiado” que os resgatem de um afogamento iminente nesse oceano de atos ilícitos em que navegam, onde fica difícil identificar qual deles é o maior predador.

Outro detalhe vigente no cenário atual, e que implanta uma sensação de insegurança no sistema político brasileiro, é ver que não somente os políticos aparecem envolvidos nas denúncias de delatores e empresários sobre as propinas institucionalizadas, mas, também, os Partidos sempre aparecem citados pelos empreiteiros como beneficiários de percentuais sobre valores liberados nos grandes projetos das Estatais, onde a Petrobrás era um poço fundo para a ladroagem se locupletar.

Enquanto perdurar o princípio estúpido de que os cargos importantes de Diretoria das Estatais são propriedades desse ou daquele partido, e assim o mentor nomeado administra as verbas da sua Diretoria como se fosse um patrimônio particular, destinando um quinhão dos faturamentos ao esquema político, jamais assistiremos à redenção desse país.

Da mesma forma, a cúpula administrativa federal é composta por 28 Ministérios – inclusive Secretarias com igual status –, sendo que esse conceito espúrio é predominante na distribuição dos cargos de comando entre os Partidos, cujo peso dos votos parlamentares é que mensura o grau de importância na distribuição. Essa é uma prática indecente e repugnante que precisa ser extirpada do país, definitivamente!

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).